As hipertrofias se dividem em 3 tipos utilizando as medidas de massa e de espessura relativa:
a) Hipertrofia concêntrica (massa aumentada e espessura relativa aumentada)
b) Remodelamento concêntrico (espessura relativa aumentada e massa normal)
c) Hipertrofia excêntrica (massa aumentada e espessura relativa normal)
Vamos ver agora a opinião do Professor Fernando Morcerf, coordenador do Curso de Ecocardiografia da ECOR, emitida em um Forum de "Massa Ventricular"
"A minha opinião pessoal é que hipertrofia é um diagnóstico ecocardiográfico que deveria corresponder a um diagnóstico histológico de alargamento dos miócitos. Nesta situação tanto a hipertrofia concêntrica como o remodelamento e como a excêntrica (desde que esta fosse originada de uma cardiopatia hipertensiva que está agora desadaptada e com VE dilatado mas existe resquício da hipertrofia quando antes de dilatar) apresentam hipertrofia histológica".
"O trabalho original destes tipos de hipertrofia foi feito nesta condição, ou seja, de cardiopatia hipertensiva. O problema veio quando certos autores, anterior a este trabalho que apresentou esta divisão, afirmaram que somente se faz diagnóstico de hipertrofia se houver massa aumentada. Ora, os maiores espessamentos possíveis de uma parede, uma grande HVE, tem um diâmetro cavitário diminuído, e a massa com um diâmetro pequeno vai ser normal, como sair desta? Inventaram o remodelamento concêntrico... Os pacientes que tinham um HVE e entraram em insuficiência e dilataram a cavidade, ficam com espessura menor daquela encontrada antes da dilatação. Nesta situação há aumento da espessura da parede (isto é acima de 1.1 cm) mas a espessura relativa não está anormal (não porque não haja hipertrofia mas sim porque a cavidade dilatou) a massa está aumentada principalmente também por haver dilatação".
"Há um problema aqui: a hipertrofia excêntrica seria para casos de cardiopatia hipertensiva e não para estas dilatações secundárias à regurgitação valvar ou à miocardiopatia onde histológicamente NÃO existe hipertrofia e sim alongamento e deslizamento dos miócitos, porém nestes casos, pela dilatação cavitária vai haver aumento da massa do VE".
Veja a enrascada de quem deseja fazer o diagnóstico de hipertrofia somente quando houver maior massa: tem de inventar uma coisa chamada de "remodelamento concêntrico" por que tem uma bruta hipertrofia das paredes mas com massa normal pela pequena cavidade e inventar uma "hipertrofia excêntrica" por apresentar maior massa embora com paredes sem hipertrofia como nas miocardiopatias e lesões regurgitantes simplesmente por ter um diâmetro cavitário aumentado. Sem contar que a medida de massa feito pelo método indicado (elipsoide de revolução) é uma história da carochinha! Eu não uso a medida da massa, não acredito que o ecocardiograma seja capaz de determinar a massa do VE. Chamo hipertrofia quando vejo aumento da espessura das paredes do VE, não pela espessura relativa e sim pela espessura propriamente dita acima de 1.1 cm ou mesmo menos que isto mas visualmente hipertrofiada. Englobo aí o remodelamento concêntrico, hipertrofia concêntrica e hipertrofia excêntrica desde que haja espessamento das paredes, isto é VE já dilatado onde antes era hipertrofiado (cardiopatia hipertensiva ou mesmo estenose aórtica já com falência miocárdica). Não chamaria de hipertrofia excêntrica uma miocardiopatia dilatada ou uma cardiopatia esquêmica com aumento de massa pala dilatação do VE mas sem hipertrofia das paredes".
Então gente, vamos tentar diagnosticar a HVE , não apenas com fórmulas matemáticas, mas sim avaliando o contexto clínico, a presença ou não de HAS, analisar a presença de lesões regurgitantes valvares e principalmente estudar todas as câmaras cardíacas em um conjunto único.
Gostaria de ouvir a opinião da nossa querida Sabrina, o ponto de vista de uma grande cardiologista é muito importante para todos nós. Quantos já pegaram um ECG com HVE e ECO normal? Quantos já pegaram um ECO com HVE e ECG normal?
Amigo, parabéns pelo blog. Já estou seguindo.
ResponderExcluirRealmente somos ecocardiografistas, não matemáticos.
Para ilustrar, há cerca de 3 meses uma paciente de 50 anos veio fazer um eco. Hipertensa há 7 anos. Há 4 anos em tramento regular. Trouxe-me dois ecos sendo um feito aos 35 anos com espessura do VE de 0,7 cm e outro feito aos 47 anos com espessura do VE medindo 0,9 cm. No exame feito comigo, a espessura do VE era de 1,0 cm. Na conclusão do meu exame, relatei os resultados anteriores e fiz o diagnóstico de HVE, haja vista, a espessura haver aumentado 50% em relação ao primeiro exame em uma portadora de HAS.
Veja como diagnosticar HVE pode ser complicado. Se não houvesse o primeiro exame aos 35 anos, provavelmente, não daria como HVE.
Att.
Paulo Reis